quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A ROSA

Claudia Pessoa. Foto: Cristiane Britto.
Fazia muito tempo que eu não esbarrava pelas cenas da vida com alguém tão visceral e sensível. Franzina e de sorriso largo ela carrega em seus sapatinhos de onça toda delicadeza e criatividade que a arte de documentar precisa. Filmar? Não!!! Definitivamente, este não é o seu papel social. Longe disso. Ana cria, sensibiliza e move cérebros. Muito mais do que possibilitar experimentações, suas aulas serviram como motivações de vida. Inquieta em si mesma, convidou-nos a sonhar junto com ela.

Ana Rosa e Arnold Ridel, na gravação do Bahia Assim para a TV Anísio Teixeira.Ousada, provocante em suas construções nos convidou a seguir, mesmo sem sabermos quais eram os caminhos e onde chegaríamos. E percebam que nem chegamos ainda. Até o dia que seu sorriso brilhante transformou-se em lágrimas desconcertantes. Era a vida destruindo nosso pedaço de sonho. Era a realidade crua, nua e pobre que nos oprimia como oprimia aquela comunidade em que a moça trabalhava. Não podíamos sentir sua dor, mas sentimos todas as outras dores que, outras vezes, também vivenciamos. Aqui, nesta sala, fomos cúmplices na dor. E seu sorriso teimava em sair, mesmo amarelado pela angústia da perda. Seguimos. Seguimos certos de que aquele era mesmo o nosso papel. Outras Macabéas surgiram nas esquinas que criamos. Novos olhares se abriram caminhando pelas ladeiras do Nordeste de Amaralina. Acho mesmo que aprender é um misto de sonhar e acreditar. Não, não ... perserverar com delicadeza. Reunir conteúdo, conhecimento e ampliar em saberes pautados pela arte. Nas vielas do subúrbio seu olhar distinto capturou imagens singulares e respeitáveis cenas mortas ganharam vida. Ana é assim, uma Rosa.



Claudia Pessoa
Educadora
P.S. As fotos são de Cristiane Britto e o vídeo (cru) de Geraldo Seara.


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