terça-feira, 28 de julho de 2009

V SEMCINE

Lilia Rezende, Marcia Pereira, Marilu Dantas, Cristiane Britto, Geraldo Seara, Elzeni Bahia, Peterson Azevedo, Joalva Moraes, Claudia Pessoa, Marcia Barros, Lucia Marsal, Marcus Leone, Armando Castro, Dora Almeida, Nildson Veloso, Geize Gonçalves e Carlos Barros.Realizado no Teatro Castro Alves, de 27 de julho a 1º de agosto/2009, o V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual trouxe a Salvador, para juntar-se aos talentos locais, grandes nomes ligados à literatura, às novas tecnologias, ao teatro, ao vídeo e ao cinema. Foram 6 dias de muita informação, muitas mostras de filmes e muitos debates.

As mesas redondas, num total de seis, foram pensadas para que as discussões fossem as mais amplas possíveis, mas, na prática, os atrasos e, por conta disso, o tempo destinado às manifestações da platéia, não foram tão ricas quanto poderiam ter sido.

Os temas das mesas foram os seguintes:

I - Godard: cinema e poesia;
II - Quando o cinema é arte;
III - O futuro do cinema;
IV - O oriente cinematográfico;
V - Pensar o cinema;
VI - A insustentável leveza dos muros, cinema e política.

Educadores da TV AT.

Por ser este o ano da França no Brasil, a primeira projeção foi a do filme Histórias do Cinema, seguida da primeira mesa, que discutiu sobre a genialidade de Godard,

que mesmo sendo o mais pessimista dos cineastas contemporâneos, revela-se como o maior guia para os futuros operários do que hoje chamamos de audiovisual. Cineasta ortodoxo, Jean-Luc Godard acredita na chegada messiânica de um novo modo de entender o mundo: a imagem como linguagem. Ainda moramos sob o poder de Gutemberg, não se cansa de repetir (...) .

Assim é que, segundo Walter Lima, o foco do seminário, seria o de reeducar o olhar e estimular a sensibilidade das pessoas para com a sétima arte.

Como educadores da TV Anísio Teixeira, mergulhamos naquele universo, ora aprendizes, ora críticos e ora alienígenas, ante um certo estranhamento diante de algumas das peças audiovisuais exibidas, além das performances que se sucediam ao vivo. Esse estranhamento, pode ter sido provocado tanto pela preferência estética do diretor, quanto pelas questões culturais, já que assistimos a produções de várias partes do planeta, incluindo as de Bollywood.

Confirmamos, que nosso aprendizado, ainda que sucinto, das oficinas das quais temos participado, como parte de nossa formação em audiovisual, tem nos dado ferramentas para análise fílmica, o que é bastante útil para nosso trabalho na TV AT.

As demais mesas seguiram abordando a arte, o cinema e seu futuro, de vários ângulos, além da política, sendo esta última bastante pensada, sobretudo ante a burocracia, embargos e coisas tais.

Sem dúvida, lucramos todos com este Semcine e ansiamos por outras oportunidades de ver o que pensam e como fazem cineastas e videomakers daqui e de outros mundos.



Geraldo Seara e Marcus Leone.

MAIS DE GERALDO:
Petnografia
Homo Audiovisualis
Inspirado pelo Bahia Assim
A quem interessar possa
Gravação de Anônimos: O sorriso de Seu Antônio (txt + vídeo)
Fé Cênica, making of (vídeo)
Curso de apresentação para tv (vídeo)
Pré-produção em Ilha de Maré (vídeo)
Participação no documentário OMNIBUS (vídeo)

MAIS DE MARCUS:
Das Campanhas Educativas
Pés livres
Não Afaste Quem Se Ama (vídeo premiado)
Documentário Omnibus - Universo em Movimento

terça-feira, 21 de julho de 2009

QUESTÃO DE ORDEM

Carlos Barros.
O que é uma sala de aula?

A questão, com sua aparência simples e até non sense revela um debate preciso (por que necessário) e impreciso (por que inconcluso).

A sala de aula nasce no contexto medieval como uma nova forma de agrupamento para o aprendizado, em contraste aos modelos das Academias Clássicas. No modelo clássico, em que a discussão e a dialética eram proeminentes, os discípulos estavam vinculados aos mestres por laços profundos de pedagogia (a arte/ciência de conduzir). As vidas estavam entrelaçadas pela filia e pela responsabilidade cotidiana do mestre de apontar caminhos para os efebos (normalmente do sexo masculino).

Na sala de aula, os docentes – ligados em maior ou menor grau ao clero – apresentam aos seus alunos (ainda rapazes) conhecimentos sobre o mundo, sobre a vida, sobre tudo, sem estarem imersos no contexto diário e total dos indivíduos a quem ensinam.

Desta sucessão entre Ágora e sala de aula, nasce a Escola Moderna no ocidente. Nela, um laboratório se constroi no sentido de fazer experimentar-se a vida através de saberes considerados necessários para o chamado “bem comum”.
Sem mergulhar na questão de validade da noção acima enunciada, o coletivo que se expressa neste comum espera da escola que ela possa preparar os indivíduos para a existência na “civilização”.
Escolar é civilizar.
Os tempos passam, as meninas podem estar na escola, o ocidente se esprai, o mundo muda e a escola passa a figurar como lócus do questionamento de si mesma.
A cultura prova que sua validade se põe em cheque quando não consegue responder ao civilizar local, à necessidade de experimentar com os indivíduos construções que se coloquem à disposição do agora, do aqui, do logo adiante. A escola e a sala de aula se colocam diante da premência de ampliação; seus limites se mostram restritos diante da lua, da nave, da fome e da miséria humanas.
A escola e a sala de aula são forçadas a sair das paredes e ganham os ares. O avião sobrevoa o espaço das ondas que buscam atingir o que a sala não contém: o voo dos indivíduos, as asas de gente que ganha corpo, mas não realiza o pretenso caráter “civilizador” da escola.

A escola busca na energia/matéria eletro-magnética do rádio e da TV chegar aos corações/mentes e fazer a “civilidade” – no seu mais prático sentido – se efetivar.

A escola na TV não é a TV da escola.

A escola na TV é uma possibilidade de estarmos recuperando a penetração de um instituto que se desinstituiu, se desfez, se relativizou tanto a ponto de perder-se na sua identidade perdida...
A escola na TV é uma possibilidade, uma potencialidade, pensada como portal de saberes.

Quem há de saber?

A escola na TV há de fazer saberes se construírem, como numa ampla sala de aula em que individualidades e sujeitos possam comunicar anseios e apreciar reflexivamente conteúdos em que valores destes próprios sujeitos estejam contidos?

À escola cabe ampliar e à escola cabe preservar.

À escola na TV cabe ampliar, preservar e difundir.

Santa Clara que nos valha.

Sabe mesmo o que são elétrons na tela e sujeitos em ação?

Uma sala de aula!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A REALIDADE E A FICÇÃO

Nildson B. Veloso. Foto: Peterson Azevedo.
Às vezes ficamos a pensar como uma determinada personagem pode ser tão maquiavélica dentro de uma obra ficcional. Será que ela se mostraria assim dentro de uma realidade? Difícil responder a isso. Pois, somos constituídos de diversas formas de pensares que sinceramente não me surpreenderia se alguns de nós tivessem atitudes que nos deixassem tontos naquele momento.

A obra de Nelson Rodrigues já foi acusada de nos mostrar uma realidade grotesca e exagerada do ser humano. Se considerarmos que a arte imita a vida, logo veríamos o quão somos torpes e cruéis dentro de alguns universos dramatúrgicos. Logo então nos indignamos com nós mesmos. Como eu seria capaz de cometer esse ou aquele ato com o meu próximo?! Exclamariam alguns. Será que a ficção tem o direito de expor as nossas mazelas?

A ficção para alguns foi criada para nos transportar da nossa realidade, para que possamos sonhar com as utopias. Para outros não, a ficção existe para que possamos refletir as nossas vidas e os nossos atos e tentar de alguma maneira melhora-los ao reconhecê-los.

O fato é que estas formas existem para que nós as vivenciemos conforme as nossas histórias de vida e convicções. Portanto, a ficção cumpre o seu papel quando nos faz pensar de alguma maneira naquilo que estamos prestando atenção. Ela nos prende sempre, mesmo que no primeiro momento pareça menos interessante para nós. Ela sempre levará alguma vantagem em relação à realidade, pois, poderemos nos desligar da ficção a qualquer momento, enquanto que a realidade dura, cruel, boa, feliz, triste etc, não terá esta possibilidade de abandono.

Muito interessante seria viver a ficção durante a maior parte da vida não é mesmo? Poderíamos recriar uma realidade que as nossas convicções indicassem, e provavelmente iríamos ser muito mais felizes, mesmo sendo esta realidade uma ficção. Mas, e daí? O que as difere está justamente no nosso ponto de vista.

Nildson B. Veloso.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

MUDEI O ROTEIRO

A roteirista Iara Sydenstricker e a professora Cristiane Britto.O que é um roteiro??? Como fazê-lo? Como pensar uma história para ser contada no audiovisual? Antes disso, meu pensamento era só os substantivos, verbos, poesias, construção de parágrafos, tecnologia... E os dias se passavam assim, até chegar a primeira Oficina da TV Anísio Teixeira.

Olhando uma foto, feita em close, lá estava minha mão, nela uma caneta, um texto numa folha de ofício e com a minha letra escrito “argumento e roteiro”. A foto para quem olha não diz absolutamente nada. Por trás da foto, há um mundo de informações.

Um dia, chega em nossa sala uma mulher alta, branca, olhos claros, sobrenome estranho. Foi-nos apresentada a roteirista Iara Sydenstricker. Chegou perguntando sobre nós. Quem éramos, mesmo, nós? Professores. No nosso roteiro, o papel principal era ser professor. Cada um sabia bem o roteiro da aula, da sala, da escola. Ela chegou perguntando o que era que nós queríamos neste projeto, e foi anotando sobre cada um de nós, nossos nomes, nosso anseios, para, quem sabe, um futuro roteiro de programa.

Começava naquele momento a segunda mudança de roteiro: “sai da escola” , “entra na TV AT”, “corta para oficina de roteiro”, “sobem os créditos..." e com vocês, cenas dos próximos capítulos.

Da caixa de roteiro foram saindo Na Lata, Anônimos, Inventus, Bahia Assim, Aqui é Massa, Realize, ArteFatos... Nossas ideias ganhavam corpo, forma, tempo, espaço. As ideias tornaram-se palavras, cenas. Fazer e refazer. E novamente fazer e refazer. Exercitar o desapego à criação. Exercitar a criatividade, a criação, a paciência, a resistência. Ouvir que o que foi feito não ficou bom e tentar fazer melhor: lições daquela mulher com sobrenome estranho e sorriso largo. E saber o que é escaleta, o tempo que as coisas ocupam numa televisão, que nem toda idéia é audiovisual.

Finda a oficina de roteiros, já não éramos mais os mesmos. Queríamos criar mais e mais. Saber os nomes das coisas da televisão. Já não nos bastavam as aulas, as salas, o quadro-negro. Queríamos criar histórias para serem contadas, documentar o mundo, sugerir lugares. Enfim, roteirizar.

E quanto a mim, vi meu roteiro completamente mudado. Substantivos e planos, verbos e enquadramentos, poesias e escaletas, parágrafos e argumentos....

Sobem os créditos:
IARA SYDENSTRICKER


Cristiane Britto.


Mais de Cristiane:
I Encontro Pedagógico
Mudei o roteiro
Gravação do Bahia Assim
Oi nois na fita
 
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