quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Caminhada Tupinambá


Os Tupinambás de Ilhéus

Por Nildson B. Veloso




Enfim... 

Chegamos ao final de uma semana repleta de produtividade, conhecimentos, trocas de experiências e compreensão mais aprofundada sobre a causa indígena, que, por sinal, não é apenas dos índios, e sim, de todos nós. Claro que algumas questões precisam ser revistas e discutidas a começar pelo termo “índio”, que para alguns guardiões ou nativos não representa o nome do seu povo, pois não são nascidos na Índia. 




Durante a Caminhada em direção à praia do Corurupe, víamos em cada olhar a força do guerreiro que não impunha mais artefatos de guerra, mas o olhar. Esse sim, representava em cada um a força e o desejo de Tupã e da mãe Jaci. 




À medida que nos aproximávamos do ponto final, a alegria e os cânticos ecoavam com mais energia e emoção e as reflexões a nós chegavam como flechas, trazendo, ao invés de dor, uma paixão... Paixão por um povo que, embora ainda hoje acuado pelas especulações imobiliárias, os levando cada vez mais para dentro da mata distanciando-os do mar, é um povo que acredita no ser humano, que tenta buscar formas de resolver seus problemas através de diálogos – esses são valores da sua civilização. 




A Caminhada deixa, além de outras, a lição pelo respeito aos seus anciões que são a base de sua educação 

– Ah, como seria bom isso dentro da nossa civilidade!  que ensina seus filhos a ouvir e aceitar o conselho dos mais velhos. Isso, notoriamente, é percebido entre os menores das aldeias. 




Nas retóricas dos caciques e vice-caciques, algumas palavras escorregavam, levando a acreditar que eles precisam realmente se unir mais, esquecendo as diferenças internas para que não se fragmentem e, então, se fragilizem, como numa tática de guerra que faz com que o adversário se enfraqueça. 




Outra dessas táticas está na negação da existência deles que, estranhamente, é percebida conversando com alguns moradores de Ilhéus, quando perguntados se conhecem os tupinambás e os mesmos fazem uma expressão de não saber do que se trata, assim como a negação identitária feita por muitos quando lhes são proibida a identidade indígena. 




Precisamos ver a cidade de Ilhéus não apenas como cenário dos romances de Jorge Amado, mas como local vivo da nossa história que ainda é habitado por muitos índios hoje conscientes de seus direitos pelas terras que, inegavelmente, lhes pertence. 




Awere!


Fotogramas: Nildson B. Veloso

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Siga os links para assistir aos vídeos Caboclo Marcelino e ao Making of.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Vídeo Caboclo Marcelino entregue à comunidade


Por Geraldo Seara

Chegada de ônibus à Escola Indígena


Na última sexta-feira, 25/9,  o VII Seminário Índio Caboclo Marcelino teve como cenário a Escola Estadual Indígena de Olivença. Para lá, nos deslocamos todos nós - professores, estudantes, pesquisadores, funcionários, cineastas e crianças. Gente de muitas outras culturas e línguas interessada na história daquele que é considerado um herói para o povo Tupinambá. 


Ritual Tupinambá: o respeito desde cedo.

Como sempre, antes de qualquer atividade, todos participam do ritual sagrado a Jacy. Gerações, povos e línguas, numa mesma sintonia, aprendendo para compreender e preservar.


Ritual Tupinambá a Jacy


Pesquisadores, cineastas, professores, todos juntos no ritual

Depois do ritual, todos fomos para a sala de vídeo da escola (devido à claridade do ambiente externo). Acomodados no chão, iniciamos a projeção. Cumprimos a missão?

Caboclo Marcellino.





Na tela, a ficção dos jornais da década de 1930, em contraste com os fatos reais da memória dos que sofreram na pele - os anciões - cujos relatos foram registrados no primeiro livro de Katu Tupinambá, base do filme. Assim, professores e funcionários da comunidade escolar indígena se viram na tela, dentro da história que escolheram contar como trabalho de finalização do Curso de Interpretação que a Rede Anísio Teixeira tem levado a várias escolas da rede estadual. Na espera, tensos, estávamos nós os realizadores do vídeo,  ante a responsabilidade imensa de contar, em minutos, a luta desse herói.


A plateia, diante das cenas de "Caboclo Marcelino".


A plateia, diante das cenas de "Caboclo Marcelino".

As expressões da plateia nos acalmaram. No final, ouvimos palavras de gratidão dos nativos e de elogiose incentivo dos que vieram de fora. Sim: Marcelino era uma ameaça, mas apenas para a elite da região. Sendo o único indígena que sabia ler e escrever, isso não poderia ser diferente.


Ser ou não ser [tupinambá]? Eis a questão!
Nildson B. Veloso, professor de Teatro e diretor do filme.

Missão cumprida!

Siga o link para assistir diretamente do Ambiente Educacional Web.

Fotos: Geraldo Seara

P.S. Próxima postagem: a Caminhada Tupinambá.




quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Rede AT no VII Seminário Índio Caboclo Marcelino e XV Caminhada Tupinambá


Por Geraldo Seara

Imagem extraída da página do seminário, no Facebook


A Rede Anísio Teixeira tem a honra de se fazer presente, mais uma vez, entre os Tupinambás. 

A comunidade está em movimento constante, nesses 5 séculos de luta, desde a chegada dos invasores e do grande massacre (1559) de seres  humanos, cujos corpos, estirados na areia, chegavam a cobrir 6 Km! 

Nos tempos atuais, este Seminário marca o sétimo ano de avivamento da memória das comunidades indígenas e da sociedade em geral, o sobre a luta do Caboclo Marcelino, um índio que, na década de trinta, foi perseguido, preso e torturado, por reivindicar o que era direito dos primeiros habitantes deste país. Por saber ler e escrever, Marcelino era considerado perigoso e, não tardou, a imprensa da época começou a lhe atribuir adjetivos pejorativos que aumentavam ainda mais os motivos que os coronéis precisavam para eliminá-lo de vez da sociedade. Hoje ninguém sabe do seu paradeiro, mas Marcelino continua vivo na memória do Povo Tupinambá.

No ano passado, a Rede Anísio Teixeira levou, aos estudantes da Escola Estadual Indígena Tupinambá de Olivença, o Curso de Interpretação para TV e Produção Audiovisual. Esse encontro resultou na realização de um vídeo sobre o Caboclo Marcelino. Este vídeo será exibido e presenteado aos Tupinambás, nesta ocasião.

Assista a trechos do curso e making of do curta:




Além do VII Seminário Índio Caboclo Marcelino a região será também sacudida pela XV Caminhada Tupinambá, em memória não só de Marcelino, mas também das vítimas do Massacre do Rio Corurupe.



Veja e baixe os vídeos diretamente do Ambiente Educaional Web 

 
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