Cacique Albertina do Nascimento (Tapuia) e seu neto prontos para o Toré Foto: Joalva Moraes |
Por: Joalva Moraes
A pele é acobreada, os cabelos negros, olhos puxados, vivem da pesca e dançam o ritual do Toré. Essas características não deixam dúvidas de que grupo étnico estamos tratando. Sim, eles são indígenas, mas ainda lutam pelo reconhecimento. Na região do Centro-oeste baiano, existem duas etnias que se encontram nessa situação. São eles: os Potiguara e os Tapuia.
Originários da Paraíba, os Potiguara, da região do São Francisco, são uma grande família constituída pelo Sr. Antonio França e sua esposa. Maria Leda dos Santos, filha do casal, hoje é a cacique. É ela quem lidera as empreitadas burocráticas em busca do reconhecimento à condição de povo indígena. Devido à distância e ao tempo de afastamento, a cultura potiguara foi esquecida, por isso eles entendem que estreitar relações com os parentes paraibanos é imprescindível para resgatar elementos culturais de suas raízes.
Sr. Antonio, cacique Leda e família |
Já os Tapuia fazem questão de manter viva suas tradições, ainda que desprovidos de aldeia. A cacique Albertina do Nascimento ensina aos seus filhos e netos a cultura que foi passada pelos seus antepassados. Os irmão da cacique estão espalhados por cidades baianas e de outros estados, a esperança é de que, após o reconhecimento, eles conquistem a sonhada terra e possam reunir, novamente, todos da família. Enquanto isso não acontece, os Tapuia pescam no São Francisco para sobreviver, moram num povoado com população híbrida (índios e não índios) e recorrem à aldeia vizinha dos Kiriri para praticarem seus rituais sagrados.
Cacique Albertina Tapuia - Foto: Joalva Moraes |
No Centro-oeste da Bahia, estão os Tuxá e Kiriri, já com terras legalizadas, os Pankaru (descendentes dos Pankararu, de Pernambuco) que aguardam a entrega de suas terras e os Tapuia e Potiguara que se encontram em fase de reconhecimento. Apesar das lutas particulares, todas essas etnias buscam as mesmas coisas: respeito, liberdade para praticar suas manifestações culturais e religiosas, moradia, educação diferenciada que valorize suas tradições, saúde e condições de trabalho, seja no cultivo da terra, na pesca ou artesanato. Que assim seja!
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