Turma da Formação no CJCC de Salvador - Foto: Téo Batista |
Por: Fátima Coelho
A
necessidade do homem em expressar-se e ultrapassar os limites da memória fez
com que, em 1826, surgisse a fotografia e posteriormente, a imagem em
movimento, o cinema!
Memórias e
Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais é uma formação do
programa Rede Anísio Teixeira - REDE AT/TV em parceria com a Universidade
Federal da Bahia – UFBA, através da Faculdade de Comunicação - FACOM e os
Centros Juvenis de Ciência e Cultura – CJCC. Este curso surge com o desejo de capacitar
técnica e pedagogicamente educadores e estudantes de forma individual e
coletiva, estimular o uso de softwares e de licenças livres na produção
audiovisual, promover um diálogo sobre o uso ético e seguro das TIC e
incentivar a produção de vídeos por estudantes e educadores da rede estadual de
ensino, tendo o olhar voltado para a valorização das suas culturas e das
realidades das comunidades onde moram ou estudam.
O
Profº Leonardo Reis, em 2015, apresenta para o público universitário a
disciplina Memória Social e Identidades: audiovisual como tecnologia social em
educação, com o intuito de abraçar estudantes de diversas áreas que possuam
afinidades com o audiovisual. Esses alunos participam como monitores em todas
as etapas da formação, de acordo com as habilidades e apetências individuais.
Professor Leonardo Reis, UFBA-Facom - Foto: Téo Batista |
São
realizados filmes com o tempo de 4', em Formações de 40h, que abordam o tema do
audiovisual, da cultura, da história, do inventário cultural e da memória como
eixo gerador de conhecimento, como diz Profº Severino:
[...] a ideia é aproximar o saber da
Universidade com a experiência da escola e lidar um pouco com isso que a gente
chama de memória social, esse entorno da escola, juntas, estas categorias tão
interessantes que formam: memória e identidade, audiovisual e Educação [...]
Jesús Barbeiro,
pesquisador latino-americano contemporâneo, alicerça este pensamento no que se
refere a "descentralização", a "deslocalização e
destemporalização" com relação às diversas leituras e o saber:
[...] O
saber transcende, sobretudo, aquele que sempre foi seu eixo durante os últimos
cinco séculos: o livro. Um processo que quase não teve mudanças desde a
invenção da imprensa, sofre, hoje, uma mutação de fundo, devido a aparição do
texto eletrônico. [...]
[...]
A
deslocalização implica a disseminação do conhecimento, isto é, a atenuação das
fronteiras que o separavam do saber comum. [...]
A
disseminação designa o movimento de atenuação tanto das fronteiras entre as
disciplinas do saber acadêmico, quanto entre esse saber e os outros. [...]
[...]
[...] A
única saída encontra-se na articulação de conhecimentos especializados com
aqueles que provêm da experiência social e das memórias coletivas. (BARBERO,
2008, p.237 – 239).
Os
filmes documentais realizados durante o curso de Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais valorizam
e preservam diferentes formas de expressão por ter como base o texto fílmico
que aproxima, enriquece, aflora sentimentos e desenvolve a capacidade de ver e
interpretar o mundo, isto é, “o ver por dentro” que será exposto para o
ambiente escolar ou o expectador, ampliando os horizontes culturais de
crianças, jovens e adultos.
Apresentação das produções da Formação no 4º Encontro Estudantil Foto: Leila Cruz |
O
cinema na sala de aula é o que o nosso trabalho potencializa. É a sétima arte[1], aproximando a realidade cotidiana e
seus modos de aprendizagem, mensagens, informações e comunicação com o intuito
de valorizar a cultura em toda a sua abrangência. Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais pretende,
também, ser um instrumento de trabalho, no sentido da ação, entre todos os
possíveis interlocutores, todos contemplados na sua realização, através da
pluralidade do audiovisual, transformando imagens que se revelam ao serem
reveladas aos nossos sentidos. Dessa forma, entende-se que tanto o cinema como
a educação são processos sociais com implicações que vão para além do aprender
e do lazer.
Assim,
o uso dessa arte nos espaços educativos não traz certezas, ao contrário, traz
uma abertura para que o educar seja processo advindo da potência criativa
presente em cada sujeito – educando ou educador, sujeito autônomo, que constrói
sua história, a partir das suas experiências sociais. Afinal, toda ação é uma criação!
Referências:
MARTÍN-BARBERO, Jesús. Saberes hoje:
disseminações, competências e transversalidades. In: RIBEIRO, Ana Paula
Goulart; HERSCHMANN, Micael (orgs.). Comunicação e História: interfaces e novas
abordagens. Rio de Janeiro: Mauad X, Globo Universidade, 2008. p. 237-252.
[1] A
expressão "sétima arte", foi criada em 1912 pelo italiano Ricciotto
Canuto.para designar o cinema. Disponível endereço eletrônico < http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_das_Sete_Artes
> Acesso em: mar. 2016