terça-feira, 22 de março de 2016

Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais


Turma da Formação no CJCC de Salvador  - Foto: Téo Batista
Por: Fátima Coelho

A necessidade do homem em expressar-se e ultrapassar os limites da memória fez com que, em 1826, surgisse a fotografia e posteriormente, a imagem em movimento, o cinema!

Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais é uma formação do programa Rede Anísio Teixeira - REDE AT/TV em parceria com a Universidade Federal da Bahia – UFBA, através da Faculdade de Comunicação - FACOM e os Centros Juvenis de Ciência e Cultura – CJCC. Este curso surge com o desejo de capacitar técnica e pedagogicamente educadores e estudantes de forma individual e coletiva, estimular o uso de softwares e de licenças livres na produção audiovisual, promover um diálogo sobre o uso ético e seguro das TIC e incentivar a produção de vídeos por estudantes e educadores da rede estadual de ensino, tendo o olhar voltado para a valorização das suas culturas e das realidades das comunidades onde moram ou estudam.

O Profº Leonardo Reis, em 2015, apresenta para o público universitário a disciplina Memória Social e Identidades: audiovisual como tecnologia social em educação, com o intuito de abraçar estudantes de diversas áreas que possuam afinidades com o audiovisual. Esses alunos participam como monitores em todas as etapas da formação, de acordo com as habilidades e apetências individuais.

Professor Leonardo Reis, UFBA-Facom - Foto: Téo Batista


São realizados filmes com o tempo de 4', em Formações de 40h, que abordam o tema do audiovisual, da cultura, da história, do inventário cultural e da memória como eixo gerador de conhecimento, como diz Profº Severino:

[...] a ideia é aproximar o saber da Universidade com a experiência da escola e lidar um pouco com isso que a gente chama de memória social, esse entorno da escola, juntas, estas categorias tão interessantes que formam: memória e identidade, audiovisual e Educação [...]

Jesús Barbeiro, pesquisador latino-americano contemporâneo, alicerça este pensamento no que se refere a "descentralização", a "deslocalização e destemporalização" com relação às diversas leituras e o saber:

[...] O saber transcende, sobretudo, aquele que sempre foi seu eixo durante os últimos cinco séculos: o livro. Um processo que quase não teve mudanças desde a invenção da imprensa, sofre, hoje, uma mutação de fundo, devido a aparição do texto eletrônico. [...]
[...]
A deslocalização implica a disseminação do conhecimento, isto é, a atenuação das fronteiras que o separavam do saber comum. [...]
A disseminação designa o movimento de atenuação tanto das fronteiras entre as disciplinas do saber acadêmico, quanto entre esse saber e os outros. [...]
[...]
[...] A única saída encontra-se na articulação de conhecimentos especializados com aqueles que provêm da experiência social e das memórias coletivas. (BARBERO, 2008, p.237 – 239).


Os filmes documentais realizados durante o curso de Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais valorizam e preservam diferentes formas de expressão por ter como base o texto fílmico que aproxima, enriquece, aflora sentimentos e desenvolve a capacidade de ver e interpretar o mundo, isto é, “o ver por dentro” que será exposto para o ambiente escolar ou o expectador, ampliando os horizontes culturais de crianças, jovens e adultos.

Apresentação das produções da Formação no 4º Encontro Estudantil
Foto: Leila Cruz

O cinema na sala de aula é o que o nosso trabalho potencializa. É a sétima arte[1], aproximando a realidade cotidiana e seus modos de aprendizagem, mensagens, informações e comunicação com o intuito de valorizar a cultura em toda a sua abrangência. Memórias e Identidades: Produção Formativa de Vídeos Educacionais pretende, também, ser um instrumento de trabalho, no sentido da ação, entre todos os possíveis interlocutores, todos contemplados na sua realização, através da pluralidade do audiovisual, transformando imagens que se revelam ao serem reveladas aos nossos sentidos. Dessa forma, entende-se que tanto o cinema como a educação são processos sociais com implicações que vão para além do aprender e do lazer.

Assim, o uso dessa arte nos espaços educativos não traz certezas, ao contrário, traz uma abertura para que o educar seja processo advindo da potência criativa presente em cada sujeito – educando ou educador, sujeito autônomo, que constrói sua história, a partir das suas experiências sociais. Afinal, toda ação é uma criação!


Referências:

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Saberes hoje: disseminações, competências e transversalidades. In: RIBEIRO, Ana Paula Goulart; HERSCHMANN, Micael (orgs.). Comunicação e História: interfaces e novas abordagens. Rio de Janeiro: Mauad X, Globo Universidade, 2008. p. 237-252.



[1] A expressão "sétima arte", foi criada em 1912 pelo italiano Ricciotto Canuto.para designar o cinema. Disponível endereço eletrônico < http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_das_Sete_Artes > Acesso em: mar. 2016





 
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