sexta-feira, 29 de abril de 2011

IDENTIDADES

O PROGRAMA SHOW!

Viviane Paraguaçu

Identidades é o programa show da TV Anísio Teixeira que reúne, no mesmo palco, de uma só vez, grandes nomes da música baiana, das artes plásticas, circenses e/ou teatrais. Durante as performances, os artistas apresentam sua visão sobre o tema de cada programa (um tema universal) e falam de suas experiências artísticas. O Identidades é apresentado pelo ator Marinho Gonçalves e conta com a participação animadíssima de estudantes de três escolas da rede estadual de educação, a cada edição.

No ano de 2010 foram gravados 10 programas com os temas: saudade, paixão, ciúme, paz e outros. Tivemos belíssimas participações de trinta artistas musicais do cenário baiano, do rock ao samba de roda, da MPB ao forró. O palco do Identidades sempre traz uma mistura de estilos, constituindo-se em uma vitrine para a música baiana e para os artistas de teatro, circo, artes visuais e dança.


Este programa abre espaço, tanto para sabermos mais sobre a música tradicional da Bahia, quanto sobre a música contemporânea que não está contemplada pela grande mídia. Só para dar uma idéia de um dos programas, na edição nº 1, reunimos Xangai, a banda Dois em Um, Dão e a Caravana Black, o artista plástico Marcos Costa e mais uma dupla de clowns formada por Marconi Araponga e Laili Flores.

Pedagogicamente, o programa dá suporte às aulas de Artes (Música, Dança, Artes Visuais, Teatro), Cultura Baiana/Afrobrasileira, História, Geografia e Língua Portuguesa. As manifestações artísticas – de distintos sotaques, ritmos e tradições – são a provisão para a sala de aula, com o recheio das letras das canções e dos trechos de poemas que são recitados pelo apresentador Marinho, durante o programa.

Enfim, o Identidades é um produto televisivo bastante atual e vibrante da nossa diversidade, tornando-se assim, um registro, um pequeno mapeamento cultural da Bahia.

O programa ainda está no forno, ou seja, estamos aguardando a finalização das edições pela produtora responsável, a Fundo de Quintal. Aguardem!

Aproveitamos a oportunidade para agradecer a presença das escolas: Cidade de Curitiba, Manoel Novaes, Luiz Viana Filho, ACM, Cosme de Farias, Newton Sucupira, Aplicação Anísio Teixeira, Angelita Moreno e Rotary. Vocês deram show! Nosso muito obrigado!

Riachão: o Samba da Bahia na TV Anísio Teixeira.

Edição: Geraldo Seara

sexta-feira, 8 de abril de 2011

QUESTÃO DE LÍNGUA*

Geraldo SearaMAKING OF OU MAKING OFF

Geraldo Seara

Engana-se quem pensa que as gramáticas podem deter a evolução natural das línguas. As normas que as regulam podem e devem retardar as alterações por um longo tempo, mas chegará o dia em que o uso livre, fluido e natural dos falantes baterá o martelo. Não sou contra as normas, pois sei que se elas não existissem, viveríamos perdidos, isolados pela provável falta de comunicação eficiente. Aliás, sobre isso, os meios de comunicação corroboram a manutenção da unidade linguística das nações, ainda que diversos sejam os falares numa mesma área geográfica. Assim, os jornais e novelas, televisados, radiofônicos ou impressos se espalham do Oiapoque ao Chuí, no nosso caso, garantindo a unidade e, por vezes, a diversidade, quando leva o “tu vai” pra quem diz “tu vais” e vice-versa. E seguimos na comunicação.

Quanto aos estrangeirismos, tupy or not tupy! (peço licença): os termos de fora vão virando futebol (in. football), encrenca (al. ein krank), detalhe (fr. détail), deletar (in. delete) e por aí vai. Afinal, ninguém tem a obrigação de dizer o que não se acomoda na articulação, nem de conhecer sobre tudo que venha de fora. Desse modo, alguns termos ainda não aportuguesados − ou preferíveis aos equivalentes na nossa língua − vão causando alguns transtornos. Por exemplo, o “ROM” de CD-ROM, que chegou com o informatiquês, se mistura com o “room” de “show room”, há mais tempo entre nós. Lembro-me de já ter sido corrigido, quando pronunciei corretamente [si.di.rom], como se eu tivesse cometido um crime. Cansado de lutar, cedi à pronúncia [se.de.rrum] da maioria, pra não parecer um ET, isso no finalzinho do século XX. Entre os falantes nativos de inglês, a diferença entre ROM (Read Only Memory) e room (sala, aposento) permanece. Por aqui, entre muitos, tanto faz.

E o making of?

De modo análogo ao descrito para CD-ROM, já estamos acostumados a ver o termo off, tanto no liga-desliga dos aparelhos (on-off) quanto − e principalmente − nas liquidações dos shopping centers e nas propagandas impressas. Quem é que resiste a 70, 90% OFF?! Aí, na hora de grafar making of, pimba! Surge mais um “f”. Tá errado? Bem, os falantes da língua inglesa (nativos ou não), certamente, estranharão. Mas entre outros, está tudo bem. Com “f” ou “ff”, todo mundo sabe do que se trata. Outra possível explicação para o uso de off pode advir do sentido da partícula, que indica “separação”, “fora”. Assim, para alguns, se o making of serve para exibir o que ficou de “fora” do filme, então nada melhor do que a partícula off. Só que esse gênero pode também contemplar o que foi descartado, mas destina-se, principalmente, para os bastidores das filmagens, ou seja, o modo como tudo aconteceu, ou a “feitura de”, na tradução aproximada de making of.

Para quem quiser se certificar do que é correto para os falantes do inglês, veja como o termo aparece nos links para os vários making of dos próprios estúdios americanos e ingleses. Verão que os “ff” vêm de produções brasileiras e que os anglofônicos grafam com um "f" só, já que com dois não faz sentido pra eles, quando aplicado aos "bastidores das filmagens". Ademais, em inglês, existe a expressão make off que tem o sentido de "sair apressadamente" e que com a preposição with passa a ter o sentido de "furtar", de acordo com o dicionário online Marriam-Webster (o link vai direto para o verbete).

Por fim, eis um trecho do que está posto no site da Veja, na coluna "Sobre Palavra" de Sérgio Rodrigues:

[...] Os dois lados têm sua dose de razão. Seja como for, uma coisa é indiscutível: a degeneração ortográfica making off, que parece ser de uso ainda mais frequente do que a forma correta em nossa imprensa cultural, revela, esta sim, um traço constrangedor da macaqueação linguística – a ignorância alvar, a falta de juízo crítico. Se vamos ser anglófilos, que tal aprender um pouco de inglês, em vez de achar que dobrar consoantes é sempre mais chique? Processo de produção (making) de (of) um objeto cultural, é só disso que se trata. Making off – substantivação de to make off, “fugir, dar no pé” – seria no máximo algo como fuga. Fuja dele.

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(*)QUESTÃO DE LÍNGUA é um dos interprogramas da TV Anísio Teixeira.
 
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